Grupo Escolar Ademar Leite-Piancó |
Certo dia, lá no meu passado, em um grupo escolar da minha cidade, ainda na tenra idade, fui professor por um dia, quando minha mãe, verdadeira dona desse ofício, incumbiu-me em exercitar essa missão tão nobre, merecedora de todos os reconhecimentos, hoje tão distantes e relegados por aqueles que não sabem o que é um giz, um livro, um caderno, uma carteira e uma criança com fome, querendo apenas ser feliz em busca desesperada do seu futuro promissor. Lição que até hoje não a esqueci e nunca a esquecerei em qualquer lugar que for...
De lá para cá, projetos e mais projetos são engavetados pelas artimanhas burocráticas dos nossos representantes no Congresso Nacional, acompanhados em outros estados e municípios pelos ecos daqueles verdadeiros “professores” dos desvios de verbas, das contratações irregulares, das licitações direcionadas e de outras ações inadequadas ao condão dos ensinamentos éticos... Vozes miúdas insurgem por lá, mas são grãos pequeninos, que lutam contra o monstro maior da insensibilidade e do compromisso para com os seus irmãos...
Além das condições climáticas desfavoráveis e da sua posição geográfica, financeira e política, longínquas cidades, nos quatro cantos do nosso imenso país, são desassistidas pelos parcos recursos, além das ações inertes daqueles detentores de poder que visam tão somente o interesse próprio, prejudicando a funcionalidade das escolas e a construção de um dever a ser cumprido, qual seja: a realização de uma remuneração digna; de uma qualificação profissional profícua e um ensinamento adequado ao seu corpo docente, exemplos esses que, com certeza, serão parte de um livro, onde o foco maior da leitura será voltado para liberdade das amarras do analfabetismo e da opressão.
Enquanto isso, o nosso autêntico, fiel e genuíno professor, calejado das injustiças, mas vestido de respeito, confiança e perseverança, resiste aos “trancos e barrancos” essas dificuldades, com luta, zelo e o coração na mão, ofertando toda sua compreensão, sua dedicação e o seu conhecimento àqueles que hoje, aqui do outro lado, não escondem a emoção, e por eles digo: professor, muito obrigado!
João Pessoa, 13 de setembro de 2011
José Ventura Filho
Poeta/cronista