domingo, 9 de outubro de 2011

Cultura: LIÇÃO VERDADEIRA

Grupo Escolar Ademar Leite-Piancó
Certo dia, lá no meu passado, em um grupo escolar da minha cidade, ainda na tenra idade, fui professor por um dia, quando minha mãe, verdadeira dona desse ofício, incumbiu-me em exercitar essa missão tão nobre, merecedora de todos os reconhecimentos, hoje tão distantes e relegados por aqueles que não sabem o que é um giz, um livro, um caderno, uma carteira e uma criança com fome, querendo apenas ser feliz em busca desesperada do seu futuro promissor. Lição que até hoje não a esqueci e nunca a esquecerei em qualquer lugar que for...

De lá para cá, projetos e mais projetos são engavetados pelas artimanhas burocráticas dos nossos representantes no Congresso Nacional, acompanhados em outros estados e municípios pelos ecos daqueles verdadeiros “professores” dos desvios de verbas, das contratações irregulares, das licitações direcionadas e de outras ações inadequadas ao condão dos ensinamentos éticos... Vozes miúdas insurgem por lá, mas são grãos pequeninos, que lutam contra o monstro maior da insensibilidade e do compromisso para com os seus irmãos...

Além das condições climáticas desfavoráveis e da sua posição geográfica, financeira e política, longínquas cidades, nos quatro cantos do nosso imenso país, são desassistidas pelos parcos recursos, além das ações inertes daqueles detentores de poder que visam tão somente o interesse próprio, prejudicando a funcionalidade das escolas e a construção de um dever a ser cumprido, qual seja: a realização de uma remuneração digna; de uma qualificação profissional profícua e um ensinamento adequado ao seu corpo docente, exemplos esses que, com certeza, serão parte de um livro, onde o foco maior da leitura será voltado para liberdade das amarras do analfabetismo e da opressão.

Enquanto isso, o nosso autêntico, fiel e genuíno professor, calejado das injustiças, mas vestido de respeito, confiança e perseverança, resiste aos “trancos e barrancos” essas dificuldades, com luta, zelo e o coração na mão, ofertando toda sua compreensão, sua dedicação e o seu conhecimento àqueles que hoje, aqui do outro lado, não escondem a emoção, e por eles digo: professor, muito obrigado!

João Pessoa, 13 de setembro de 2011

José Ventura Filho
Poeta/cronista