sábado, 5 de março de 2011

SERGIO CASTRO PINTO/ASCENDINO LEITE

Sou pessoa de poucas leituras, e mesmo desordenadas. Não o declaro por mero charme. Externo, divulgo, todavia, o meu pensamento, em algumas oportunidades de “segunda mão”, como assinalava Carpeaux, pois seria verda-deiramente impossível a qualquer um a leitura de tudo que se publicou, nos próprios textos, senão, vezes em exegeses, calcadas é certo, numa concepção do mundo. Então emitimos nossas opiniões, nosso julgamento. É o meu caso, que guarda algo daquela ontologia que passa de Aristóteles a Santo Agostinho, Berson e Heidegger – a tomada de consciência de si. Por tal prolegômenos intitulei o meu primeiro de livro de versos “A Face do Tempo”.

No terreno da literatura posso dizer que não aprecio, e que não gosto de poemas longos, que sempre claudicam. Nem tanto. Existem, alguns, todavia, que me interessam, os julgo perfeitos e também me agradam: Os Lusíadas, A Divina Comédia, Vida e Morte Severina entre muitos outros. O poema longo entra na categoria da epopéia de onde nasceu o romance, diferente do conto, leitura densa e exemplar, que lembra episódios como no Navio Negreiro: “Meu Deus! Meu Deus! / Mas que bandeira é esta / Que impudente / Na gávea tripudia? / Silêncio musa, chora e chora tanto / Que o pavilhão se lave no teu pranto. / Auriverde pendão de minha terra / Que a brisa do Brasil beija balança / Tu que na liberdade após a guerra, / Foste hasteado dos heróis na lança, / Antes te houvesse roto na batalha / Que servires ao povo de mortalha. / [...] Mas é infâmia de demais / Da etérea plaga / Levantai-vos heróis do novo mundo ? Andrada arranca esse pendão dos ares / Colombo fecha a porta dos teus mares”. Está aí a minha verdade. Eis o exemplo.

Este é inegavelmente um poema imortal, na concepção de Bruno To-lentino. Continua lido como foi escrito, arregimentando o povo e despertando o sentimento de nação, identificando o poeta como verdadeiro protagonista da história do seu país. Leiam: “Elevar um discurso para fora do alcance do poder letal do tempo significa, justamente, temporalizar ao mais alto grau as coisas e as linguagens da mente... Estou dizendo que o poeta máximo é aquele cujo dizer, fundado nas coisas deste mundo, num presente vivido, tende de modo natural àquelas alturas do pensamento a que convergem o universal, os mistérios da sensibilidade de um poeta e as sutilezas de seu idioma. A partir de então este pode “mudar” o quanto seja – e nosso léxico preferencial e até nossa sintaxe mudaram muito desde a composição de “Vozes d’África” – mas não lhe será mais possível furtar nada ao impacto emotivo-verbal que a um dado ponto na história nele encarnou-se perfeitamente”.

Poetas para mim, entre os de “escolas” modernas ou pós, aceito Sérgio Castro Pinto, Jomar Souto, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Beaudelaire, Whitman, Eliot, e uns que se dizem ou se mostram renovadores... Tenho poucas leituras, repito. Mas a qualidade do poema, para mim, não está no tamanho, mas na palavra e na emoção que transmitem os assuntos, os temas – todos e qualquer um guardam a sua natureza prosaica, deliciosa que aí mora a beleza da chamada filosofia da vida, do trabalho que transforma o mundo, de que tratam todos os versos e conceitos que buscam aprisionar o tempo em categorias sobre o ente e o ser, no temporal da existência humana que pressupõe a idéia de movimento, de história. Poema longo claudica, repito. Poesia deve prenunciar no espaço dos “agoras” a enfática revolução social, pois tratam da vida, da sociedade dos homens, não de colônias de bactérias, de formigueiros, que não intuíram o espelho da alma para se situar no tempo. Nada mais.

O nome do escritor Ascendino Leite está no título deste artigo. Mas como poeta sem maior brilho entre os bons poetas, acrescento. Meu parente e amigo Ascendino, era um festejado romancista e reconhecido homem de letras, todos concordamos. É o mais luzente entre os memorialistas, os mes-tres do “jornal literário” nas letras brasileiras, e não receio dizê-lo, entre os maiores na literatura ocidental. “Ninguém pode abrir sozinho o seu túnel pessoal para a claridade do dia sem o risco de morrer sob os entulhos.” Esta reflexão de Aníbal Machado encontrei-a no seu jornal. Ele se compraz em pensamentos como este, em temores secretos, que o fazer literário revela. Sérgio Castro Pinto perlustra outras galáxias literárias. Não condeno de forma irrecorrível a escrita escapista do mestre Ascendino Leite. O que não aceito é a sua consciente intolerância. A sua compreensão acomodada das tarefas próprias do intelectual, do homem de letras em face do seu povo e do seu país. Atrái-me, entretanto, a sua literatura. A qualidade do estilo, o poder de divagação, a iluminação de sua vida interior despertam-me a curiosidade. Encontro-me nele em ocasiões de relaxamento e preguiça, gozo certo prazer. Em suma, um documento exemplar e agradável para o conhecimento de fatos de sua vida, e de fases da vida literária do país, do ponto de vista de um publicista católico, como o classificariam com autoridade. E nada tenho a opor. Como poeta falta-lhe a perfeição da forma e a descoberta das palavras que se ajustam às idéias, aos sentimentos, a emoção ao externá-las.

Exemplifico com a poética de Sérgio Castro do Pinto, cuja inteligência e sensibilidade instiga a linguagem para ver melhor, para conhecer o coração e as idéias escondidas “detrás do bolso do paletó”. A sua poesia, direi, é eco-nômica e valiosa na síntese das reflexões profundas. No mundo hoje governado pelo Mercado, foi a melhor metáfora que encontrei para lhe brindar.

Eilzo Matos, Sertão. Inverno.Março 2011

quinta-feira, 3 de março de 2011

Acontece na Sala Nordeste


A Ministra da Cultura Ana de Hollanda se reuniu com a Ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, para discutir o projeto das Praças do PAC. O projeto prevê a construção de 800 praças de cultura que terá atividades e serviços culturais e de lazer. Veja aqui a matéria completa.

A abertura da reunião do Comitê Gestor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), contou com a presença da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e do secretário Executivo do MinC, Vitor Ortiz. Leia a matéria na íntegra no http://www.cultura.gov.br.

- A exposição A ferro e fogo: Arte na Paraíba, foi inaugurada na terça-feira (1º), pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A mostra acontece na Sala do Artista Popular (Rua do Catete, 179, Rio de Janeiro - RJ) e reúne obras de metal dos artistas paraibanos. A exposição ficará em cartaz até o dia 10 de abril.

- A Ministra Ana de Hollanda participou da Sessão Solene realizada no Congresso Nacional em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. A homenagem antecipada foi marcada pela entrega do diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz 2011 e por palestras sobre temas como a mulher no poder, o combate à violência contra a mulher, a defesa da Lei Maria da Penha e a feminização da pobreza.

Prorrogação no Edital Eletrobras

As inscrições para o Edital de Cultura 2011 das empresas Eletrobras foram prorrogadas até o dia 13 de abril. O processo seletivo contempla os segmentos de Teatro, Audiovisual e Patrimônio Cultural Imaterial, investindo, ao todo, R$ 13,8 milhões no apoio de projetos. Os interessados podem enviar propostas pelo site www.eletrobras.com/editalcultural. O edital, que aceita inscrições de pessoas físicas ou jurídicas, traz, nesta edição, a novidade da inserção da área de teatro infanto-juvenil. Dúvidas poderão ser esclarecidas através do e-mail programacultural@eletrobras.com.

Arqueologia Urbana

De 30 de março a 1º de abril de 2011 será realizada a terceira edição do Fórum Luso-Brasileiro de Arqueologia Urbana. O evento reúne arqueólogos, arquitetos, historiadores e demais profissionais interessados no estudo das cidades. Este ano, as atividades acontecerão no Recife (PE), na Universidade Federal de Pernambuco. As inscrições para o Fórum estão abertas e, de acordo com a organização, serão encerradas até o preenchimento de todas as vagas. Inscrições e mais informações: http://www.ufpe.br/3faur/.

Concurso internacional de dramaturgia para rádio

O British Council, em parceria com o Serviço Mundial da BBC, lançaram a 22ª edição do Concurso Internacional de Dramaturgia para o rádio 2011. As inscrições estão abertas até o dia 31 de março (meia noite, horário do Reino Unido). Os candidatos são convidados a escrever uma peça inédita para o rádio com duração de 60 minutos, o tema é livre. Clique aqui para mais informações.


"Lampião da Esquina" é disponibilizado na internet

O jornal mensal “Lampião da Esquina”, editado entre 1978 e 1981, foi digitalizado e suas 41 publicações estão disponíveis na internet. A iniciativa foi do Centro de Documentação Professor Doutor Luiz Mott, da Ong Grupo Dignidade, em parceria com o Ministério da Cultura. O informativo foi o primeiro editado no Brasil com foco no público homossexual e após 30 anos do fim da publicação, os internautas podem conferir o conteúdo no www.grupodignidade.org.br/cedoc.

Edital CGI

O Comitê Gestor da Internet (CGI) no Brasil lançou o Edital para Apoio a Projetos de Produção, Edição e Publicações de Livros e Coleções. A proposta da inicitiva é apoiar, com recursos financeiros, projetos de livros ou coleções, em língua portuguesa, sobre a convergência e o papel da Internet. Os interessados devem considerar apoio ao desenvolvimento e à democratização da internet como temas prioritários dos trabalhos. As inscrições podem ser feitas até o dia 31 de março. Clique aqui para acessar o regulamento.

Filmes Curtíssimos

Estão abertas as inscrições para a 4ª Edição do Festival Internacional de Filmes Curtíssimos no Brasil. Os interessados podem participar da Mostra Competitiva Nacional enviando filmes de até 3 minutos, em qualquer formato, até o dia 1º de abril. O evento será realizado nos dias 06, 07 e 08 de maio, no auditório do Museu Nacional da República, em Brasília (DF). Confira: http://www.filmescurtissimos.com.br/.

Cidade Fantasiada

Quem estiver no Recife aproveitando a festa de momo pode visitar a exposição Cidade Fantasiada, que continua aberta ao público, na Sala Nordeste, mesmo durante o Carnaval. A mostra tem a curadoria da gerente do Museu de Arte Popular, Marcela Wanderley, e destaca a decoração que a folia traz para a cidade no sentido da intervenção no traçado urbano e na paisagem do Recife. “É a visão da cidade fantasiada e da relação da cenografia do Carnaval 2011, inspirada na obra de Tereza Costa Rêgo, com o público e suas próprias fantasias”, afirma Marcela Wanderley. A Sala Nordeste fica na Rua do Bom Jesus, 237, Bairro do Recife, Recife – PE, e fecha as portas para os brincantes apenas no sábado de Zé Pereira, dia 05 de março. Horário para visitação: das 9h às 19h, e no domingo, das 14h às 19h. Informações: (81) 3194-1320. Entrada franca.

PARAÍBA

Folia de Rua

O Folia de Rua, prévia carnavalesca de João Pessoa, teve início na última sexta-feira (25) e só encerrará as atividades no dia 5 de março. No total são 32 blocos filiados e 60 agremiações convidadas. Para a abertura do evento, foram montados dois palcos, sendo um no Ponto de Cem Réis e outro no Parque Solon de Lucena, ao lado do Cassino da Lagoa. Clique aqui para conferir a programação.

Carnaval de João Pessoa

A Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) selecionou 49 grupos para apresentações na programação do Carnaval Tradição 2011. Nesta quarta-feira (2), foi divulgada a lista de orquestras, bandas e grupos musicais. De acordo com a organização do evento, a seleção de propostas teve objetivo de promover a circulação de grupos que possuam repertório com composições ligadas ao carnaval paraibano e ao cancioneiro carnavalesco brasileiro. Confira aqui a relação.

Pesquisa: Antonio Cabral (DRT-PB 3085)